Esse capítulo é basicamente uma reflexão do autor entre a relação do clima e das regiões e a forma que isso muda o comportamento social. Ele começa nos dizendo que em 1964 George Carter (professor americano de geografia) notou que o homem se preocupa com a vertente físico-ambiental desde sempre.
Isso vem do fato que muitos filósofos antigos, por meio de um raciocínio que mistura determinismo geográfico ¹ com criacionismo divino, diziam que os povos eram mais ou menos bem dotados por uma especie de dadiva de deus que os colocava nos melhores ou piores lugares para premiá-los ou castigá-los.
E é ai entra a teoria do fotoperíodo que diz basicamente que quanto maior a variação do fotoperíodo mais os organismos das pessoas que ali vivem se tornam mais rápidos a certos estímulos. De acordo com essa corrente, a variação do fotoperíodo foi o fator responsável pelo maior sucesso da civilização nascida nos climas temperados ( que é o caso de quase todo continente europeu).
O interessante dessa teoria é justamente que esses argumentos são usados pra demonstrar a "preguiça" e o atraso dos países tropicais, e no caso do brasil, pra explicar o colonialismo cultural e econômico do sul sobre o nordeste e norte. Ou seja, eles usam o sol e o calor do nordeste como fator indutor de preguiça e portanto, atraso econômico e cultural da população. Na minha opinião o termo preguiça foi desnecessário e um tanto preconceituoso. Não sei se ele se expressou mal ou se quis dizer realmente isso mas achei que foi infeliz na escolha do termo. Enfim...
Todas essas percepções sobre condicionantes de formação das culturas regionais são partes de teorias cientificas que são popularizadas e associações livres que se tornam senso comum.
E então o autor diz que muitos dos problemas sociais que enfrentamos hoje tem suas raízes na forma como as ciências sociais os abordaram no passado e na falta de conhecimento que esteve disponível para orientar as politicas sociais.
Nesse momento ele cita as três principais tradições sociológicas e como cada uma se posiciona com relação ao espaço geográfico:
Para Marx, o importante era a logica do capital e como os homens se apropriavam de bens da natureza para transformá-los em bens com valor de troca. De forma que a natureza se opunha a civilização e deveria ser dominada. É como se a natureza só tivesse valor na condição de bem de troca. Dessa visão resultou uma especie de desconsideração pela natureza.
Para Durkheim o que importavam eram os fatos sociais, ele não se interessava muito pela relação do homem com a natureza. Ele entendia que era uma relação básica mas que não era o objeto de estudo das ciências sociais e que o básico da sociologia era a relação institucionalizada pelos homens. Ou seja, essa tradição teve um avanço praticamente nulo quando se diz respeito a relação entre homem e natureza. Porem, fez com que tivessem avanços significativos nas organizações das instituições e na psicologia geral.
No caso de Weber, o interesse estava voltado para a a burocracia do estado ou no papel da religião para o desenvolvimento do capitalismo. O autor diz que não há nenhuma menção significativa às relações homem-meio ambiente.
Com isso ele mostra que a tradição iniciada com os clássicos não influenciam positivamente a formação de uma teoria voltada para as consequências da ação humana sobre o meio ambiente.
Dessa época ate os dias atuais as ciências sociais abriram as portas pra discutir sobre o meio ambiente, é um ramo da sociologia conhecido como sociologia dos recursos naturais ou sociologia ambiental
Essa abordagem que as ciencias sociais fazem sobre o meio ambiente ocorre tomando em consideração os ecossistemas, os biomas e portanto ela tem uma determinação espacial. Logo, ela traz a ideia de região como um lugar onde o clima, os recursos naturais e o meio ambiente são elementos definidores.
No caso da região nordeste o autor diz que a região pode ser dividida em duas vertentes:
O Nordeste aparecendo no imaginário social apenas como um grande problema e embora sejam pensadas soluções, as politicas publicas voltadas para isso não tem levado em conta a necessidade de mudanças culturais voltadas para a compreensão dos fatores climáticos como condicionantes das atividades produtivas.
Considerando a seca como um elemento de clima e não de cultura. Ou seja, tem-se um comportamento condicionado pelo clima e pelas secas mas não se tem uma cultura de seca, tem-se uma cultura de clima tropical onde se planta usando tecnicas e especies de areas umidas e não se valoriza a biodiversidade da area seca.
CONCLUSÃO:
Para o autor, a solução é a Inclusão das relações sociais no conceito de ecossistema a fim de que seja incluído o conjunto das relações sociais e econômicas que ali se desenvolvem.
Que o espaço natural dê lugar espaço geográfico para que desse modo as ciências sociais incorporem tambem as dimensões de ambiente e de região.
O grande desafio das ciências sociais é o de transformar a si mesma de forma que integre sociedade e natureza a fim de proporcionar respostas sociopolíticas para os grandes problemas ambientais que se avizinham.
¹ Concepção segundo a qual o meio ambiente define ou influencia fortemente a fisiologia e a psicologia humana
Em sala de aula foram discutidos outros conceitos que por já terem sido explicados não estão colocados aqui.